Festival da Mantiqueira 2009: opiniões impressionistas (I).

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Com exceção da minha idéia de confeccionar capas de chuva com o logotipo do OFF-FEST: Literatura of-line, todas as demais idéias quanto ao já mencionado movimento superaram todas nossas expectativas. Talvez até chovesse se a tal idéia das capas fosse implementada…

Sucesso, senhores, sucesso!

É claro que houve percalços, porém nenhum de ordem coletiva, com relação ao movimento, mas sim, a mim, individualmente, que como de costume confiei nos conselhos do Google Maps e amarguei quarenta e cinco quilômetros em uma estrada de terra transformada em lama pela umidade característica da serra da Mantiqueira… como prêmio de consolação ganhei imagens inesquecíveis da deslumbrante paisagem dos 7,9% do que ainda restou da exuberante mata atlântica paulista e, de brinde, uma visão privilegiada de Cachoeira dos  Pretos, em Joanópolis-SP. Isso até o momento que o sol se pôs e a neblina baixou…

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Voltando ao Festival, ou melhor, chegando ao Festival, os aborrecimentos todos se dissiparam. Fomos recebidos calorosamente (apesar do frio que a indumentária geral indica) por Beatriz Galvão, Fernanda de Aragão, Josie, Peres, Letícia e mais um bocado de gente bacana, integrantes do movimento OFF-Fest, que nos aguardavam em um lugar idem (Affetto Guloseimas, bem em frente a praça), que servia uma comida ibdem. A noite foi longa, mas muito curta para quem, como eu, precisava de descanso após um dia off-road…

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A tenda reserva a nós e viabilizada pela Fundação Cassiano Ricardo estava lá, bem no centro da Praça Cônego Antônio Manzi, em frente ao coreto, ao lado da tenda principal, no coração do Festival. Mas, a noite, como eu já disse, estava só começando…

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No sábado começam os eventos da programação oficial. Enquanto, na tenda principal, acontecia a entrega do Prêmio São Paulo de Literatura para o melhor romance 2008 (O filho eterno, Cristovão Tezza), na tenda OFF-Fest os autores davam duro para encontrar um espaço nos varais estendidos com o auxílio generoso dos galhos das árvores, buscando para suas obras o espaço, que o mercado editorial em sua “tenda principal”, lhes nega.

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O público começa a chegar e a tenda “Cultura sem limites” acolhe seus visitantes com o calor informal do violeiro e cantador regional e da poesia no varal. Entre eles, os ilustres autores convidados do evento oficial.

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Beatriz Galvão, incansável, “apinhava” os ilustres visitantes, do Secretário de Cultura do Estado João Sayad (“devemos dessacralizador os livros”, disse o secretário, no que, mais tarde, descordaria e sentenciaria Sergio Paulo Rouanet: “sim, mas não completamente”) ao genial Luís Fernando Veríssimo (aliás, não pude vê-lo tocar seu sax no Photozofia, o espaço é legal mas pequenino demais para a proporção que o evento tomou, cinco mil visitantes, de acordo com a mídia; capacidade do local do show: 66), passando pelo curador do evento, André Sturm, que aliás, é tão simpático e competente que nem parece pertencer a emplumada espécie tucana… (organização e estruturas impecáveis, além de uma escalação artística para os shows que elenca, contando com a primeira edição do festival, Katia B, Fernanda Takai, Alzira Espíndola, Alice Ruiz e a DIVA Marina de La Riva, por quem eu me derreterei mais tarde…).

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“Literatura Policial – 200 anos de Edgar Allan Poe” foi minha primeira atividade “oficial” no evento. A introdução de “Assassinatos da Rua Morgue”, um tratado basilar definidor do gênero, serviu de mote para as exposições de Veríssimo, Flávio Carneiro e Garcia-Roza mediados por Luis Augusto Fischer. O tom de mistério do debate foi dado por Garcia-Roza citando Poe: “a essência de todo crime permanece irrevelada”. Freud e Sherlock vieram à baila, mencionados pelos debatedores enquanto exercendo funções análogas em funções distintas do real… interessante. Garcia-Roza, professor de filosofia, acadêmico, opõe o texto cientifico ao literário argumentando que o primeiro se guiaria por “trilhos” relativamente seguros, o que não ocorreria para quem se aventurasse pelo segundo, em sua opinião, tão absolutamente livre, a ponto de “desamparar” o escritor… interessante.

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Bem, a tarde de sábado foi findando, mas a noite reservaria boas surpresas…

Amanhã ou depois, eu conto mais. (continua)

~ por C. Guilherme A. Salla em 04/06/2009.

7 Respostas to “Festival da Mantiqueira 2009: opiniões impressionistas (I).”

  1. Aguardo, corajoso poeta, a parte II. Espero que seja a parte crítica dos autores.

  2. cobertura impecável; fico aí no aguardo do que vem.

  3. Off Post…
    EAi meu irmão, lendo e apreciando sua aventura (literária e pessoal) me lembro de uma fala que não sei porque marcou em minha memória: Papai diz: Guilherme levanta, se pensa que a vida vai cair assim no seu colo, vai fazer alguma coisa… Guilherme diz: Se eu ganhar para fazer as coisas que eu quero, comer e sobreviver ta bom….
    Isso Se passou na extinta chácara no coração da morada do sol, hj uma escola municipal… e não me recordo se as falas eram exatamente essa, mas em suma é isso, agora o que tem a ver isso com o POST, não sei dizer também, mas talvez seja a possibilidade de aventurar-se e viver uma vida de família como vc vive hj, não invejo pois admiro, sou irmão mais novo e é de praxe seguir e espelhar… e como os trocadilhos ficam por sua conta, passa a régua e fecha o post….

  4. Valeu Dani! Quanto ao dinheiro para as coisas que quero, talvez uma Land Rover fosse uma boa pedida pra próxima… encarnação?
    Abraço!

  5. Vou tentar professor… vou tentar…

  6. Pensar que não pude estar de carne presente… Linda festa, lindo movimento. Parabéns ao grupo que criou raíz através das letras. Deixo aqui minhas vibrações positivas, saudosas e nicotinadas.
    Inté!

  7. […] Festival da Mantiqueira 2009: opiniões impressionistas (I). […]

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